Por: Leal Mundunde
PORTAL MUNDUNDE ONLINE ANGOLA
Numa altura em que os países enfrentam a pandemia da Covid-19, os estudantes que prestaram declarações a nossa equipa de Reportagem, não concordam com a implementação de aulas online no país e acusam algumas instituições de tomarem tal decisão para exigirem o pagamento de propinas.
O estudante de Psicologia, Quintas Fota disse que Angola não está preparada, para que se tenha aulas online devido as limitações tecnológicas e as dificuldades dos cidadãos em terem acesso a Internet.
O nosso entrevistado referiu que as "aulas online foram implementadas com um fim lucrativo, de modo que os estudantes paguem os 60 por cento das propinas ". Este parecer foi corroborado pelo estudante universitário Domingos Ambrósio , que lamenta a situação e garante que esta decisão também foi tomada para " manter os salários dos docentes".
"O ensino em Angola, ainda não está preparado para se administrar aulas online e isto é visível e se ainda assim, a decisão se mantém, faz-me pensar, que é para fins comerciais", acresceu a estudante Gizela Salvador, que considera a medida por parte de certas instituições como precipitada.
Quintas Fota afirmou que " no whatsap o professor não consegue esclarecer as dúvidas dos estudantes, porque o que acontece é o envio de áudios".
" Imaginemos numa turma com 60 estudantes e todos estão a enviar áudios com inquietações da matéria, seria uma confusão, porque não há compasso de espera", acresceu.
Na instituição onde estuda Gizela Salvador, desde que se decretou o estado de emergência, os professores entram em contacto com o delegado de turma e passam as informações de acordo as disciplinas que leccionam e outros disponibilizam as matérias no E-mail da turma.
O estudante de Jornalismo Domingos Ambrósio disse que na sua instituição as aulas online estão a ser feitas usando o aplicativo do "google classroon, mas nem todos os alunos e professores aderiram neste novo método, alegando falta de condições " e garante que existe colegas seus que não têm domínio das funcionalidades do aplicativo.
"Com estas aulas alguns professores estão a fazer avaliações contínua neste mesmo aplicativo e está a ser muito complicado porque nem todos têm as condições para o efeito", lamentou Domingos Ambrósio.
No universo de 35 alunos, o mesmo denuncia que devido a estas limitações, por vezes nas aulas participam no máximo cinco alunos. "Está a ser muito complicado, lidar com esse novo aplicativo que para muitos é estranho".
Gizela Salvador acredita que tanto para os que têm condições , como para os que não possuem serão prejudicados neste processo das aulas online que algumas escolas no país decidiram levar a cabo neste período do Estado de Emergência, face a propagação da Covid-19, a pesar de que estas aulas exigem mais do que meios financeiros, como fez saber a nossa fonte.
"Exigem métodos , dinámicas , tempo , seriedade, responsabilidade e mais do que isso, exige controlo emocional, pois nós fomos apanhados de surpresa e a esta altura, muitas destas aulas ainda estão a ser vistas como passatempo", avançou a nossa entrevistada, que apelou as autoridades, avaliarem esta medida de algumas instituições de ensino, sobre as aulas online, alegando que pode pôr em jogo o processo de aprendizagem dos estudantes, bem como o ensino no geral.
A mesma exemplificou: "se maior parte sofre, para obter cestas básicas e ter o que comer diariamente, estando em casa, sofrerará ainda mais, em ter que gastar diariamente ou semanalmente para poder se beneficiar destas aulas".
Nesta fase do Estado de Emergência, Quintas Fota acredita que é fundamental que os docentes disponibilizem conteúdos aos estudantes, para que possam estudar e serem esclarecidas as inquietações tão logo retomarem as aulas.
REACÇÃO DO DOCENTE GERSON MANUEL
O docentes do ensino médio, Gerson Manuel afirmou que as aulas online têm vantagens neste período, para que os alunos não percam o ritmo obtido no primeiro mês de aulas, mas "deve-se ter em conta as debilidades tecnológicas que o nosso país regista".
Gerson Manuel disse que os especialistas devem analisar, acompanhar e corrigir as falhas a serem verificadas neste processo, a didáctica, a metodologia, a qualidade da internet, a interacção e participação dos estudantes e as condições económicas que os mesmos têm para "usufruir essas aulas, pois que os serviços de internet não são baratos no nosso país ".
"O homem do giz", aconselhou ainda a quem de direito, a necessidade de se rever o funcionamento das redes wi-fi instaladas pelo Governo em algumas localidades, "uma vez que o uso da internet e das tecnologias de Informação e Comunicação, definem a questão da Inclusão Social".
Segundo informações que obtivemos, algumas instituições de ensino, estão a reflectir no sentido de começarem com aulas online ou enviar matéria aos estudantes nas Redes Sociais, mas estão acautelar devido às dificuldades dos alunos no manuseio destes aplicativos e a falta de condições das famílias para terem acesso a Internet.
O Portal Mundunde Online Angola, promete trazer outros pormenores deste assunto, nos próximos dias.
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