Por: Josimar Agostinho Onjango
PORTAL MUNDUNDE ONLINE ANGOLA
Artigo de Opinião
Nós africanos somos o futuro da Humanidade se continuarmos com os nossos valores culturais positivos.
As autoridades todas perfiladas no Aeroporto 4 de Fevereiro. Desceu do avião a entidade máxima da UNICEF, era uma senhora, na imprensa não estavam a falar o país dela, uma avançava que é da Europa, outra que era das Américas. Foi recebida com um buquê de flores lindas oferecida por um grupo de criançinhas com um sorriso tão bom, tão inocente.
Na Sala Protocolar teve um breve encontro com o Novo Número Um. À saída ambos não dirigiram palavras aos órgãos de comunicação social, embora estes últimos estivessem afiados para fazerem perguntas encomodativas, no caso os do Privado, o Quiabolo também estava entre, mesmo o Mundunde, até fiquei admirado como lhes permitiram entrar, a culpa é do talento deles.
Uma frota de carros dos homens de óculos escuros levou a dirigente da UNICEF ao Hotel Presidente, tudo cinco estrelas, aqui gostam de receber bem os que vêm, exageram, abonam bem. Vale ressaltar que, antes da Madame entrar, veio um menino de rua, foi estender a mão, pediu pão, ao que a Miss deu um grito, estava assustada, e falou palavras da língua do Tio Sam, os da Segurança do Sistema arrancaram o candengue dali, quando lhe levaram num canto estavam a começar a ralhar o miúdo, falaram és muito atrevido, nunca mais faz isso. Entre esses mesmo, um dos de óculos escuros fez a tradução do berro, disse ela disse: Pouchas, vocês fazem muitos filhos, pá!
O evento mais importante da estadia da Dra da UNICEF era o encontro com a Directora do INAC. A Directora angolana eu já havia ouvido falar dela, era cristã, subiu mesmo no cargo pelo trabalho, desde no tempo de Guerra cuidava de crianças, numa das localidades de Angola, não vou citar o nome, aprendeu com a Mãe que na nossa cultura a vida é sagrada, não pode ser desamparada, é para cuidar, mesmo jovem que ficou grávida aconselhava, aqueles meninos e meninas desamparadas, ela cuidava como se fossem seus filhos, não fazia separação, amava cada criança como seus filhos, quando o número de crianças aumentou construiu mais um quarto, era sempre assim, as ajudas viam da Igreja e do esposo que trabalhava, só assustou já tinha formado como se fosse um Centro de Acolhimento, as bocas começaram a chegar em Luanda, acerca da bondade da senhora, tinham já apelidado de Amor de Mãe, esses do Poder mandaram chamar, abriu também Centros na capital, era colaboradora no INAC, depois ficou efectiva, tempos passaram Amor de Mãe aceitou quando foi nomeada Directora do INAC. Muitos dos que são respeitados na sociedade, ela é quem os criou, por causa da vida ser sagrada, da vida precisar ser cuidada.
Eram 8h30, momento da chegada da visitante da Nações Unidas. O espaço estava bem acolhedor, uma sombra bem segura com uma ar fresco devido a presença das árvores, umas cadeiras na plateia e outra no prasidiam, ela até queria fazer em forma de círculo mas a Segurança não permitiu por questões também de segurança, a Amor de Mãe é quem coordenou a organização daquele ambiente, no quintal do Instituto. Vale ressaltar que antes mesmo da senhora da UNICEF entrar no nosso espaço aéreo, já estavam os da Segurança rondando o local, afinal entre eles estavam igualmente internacionais, para garantir a integridade física da Directora da UNICEF. Chegaram os carros grandes com o batedor em frente. A Directora do INAC já estava posicionada no local indicado pelo Protocolo do Estado, desceu a Directora da UNICEF, foi recebida com uma canção entoada por 18 crianças, todas de traje africano, numa das partes elas cantam: a criança é como uma flor. Depois da música houve a saudação entre ambas.
Era o momento das conversações. Depois da Amor de Mãe dar novamente as boas-vindas, falou do INAC. A Directora da UNICEF, a seguir, tomou a palavra e apresentou a razão da sua presença em Angola:
- Vim marcar o início em Angola do Programa de Apoio à Interrupção Voluntária e Segura da Gravidez no âmbito do apoio aos programas da OMS que visam legalizar o aborto em poucos anos.
A Directora do INAC, Amor de Mãe, recupeou a palavra:
- Ainda bem que a senhora também sabe falar português, assim não precisamos de tradutor! É de que país?
A Directora UNICEF respondeu:
- Eu não vim aqui pelo meu país, eu vim pela UNICEF.
Os homens da segurança começaram a se olhar.
A Amor de Mãe lançou mais outra:
- Se vieste pela UNICEF, vais ir também pela UNICEF!
- Porquê? - Perguntou a Dra da UNICEF.
Ao que escutou vindo da Amor de Mãe:
- Porque estás deslocada! Você é da Organização que protege a vida das crianças como pode essa mesma organização favorável ao aborto?
A senhora da UNICEF pediu: água! água!
Estavam a entregar essas que já ganhou muitas medalhas não aceitou, até que deram uma duma marca de outros países, bebeu.
A nossa angolana continuou:
- O mundo está doente! Como é que nós que temos a missão de velar pelas crianças, que somos contra a violência praticada nas crianças, vamos apoiar essa barbaridade? O que se passa na vossa cabeça?
A da UNICEF falou:
- As coisas mudaram, vocês ainda pensam assim, agora estamos na modernidade.
Amor de Mãe, ensinou:
- Nem toda a mudança é positiva, há mudanças que causam sangue, sujam as mãos de sangue. Nós não vamos aceitar! Deus disse não matarás! Desde pequena a minha Mãe ensinou que a vida é para cuidar! A vida é sagrada!
As outras angolanas que também assistiam ao acto começaram a resmungar em kimbundo, outras em kikongo, outras em ngangela, algumas em kwanhama e muitas línguas bantu, em favor da vida.
Os homens de óculos escuros ligaram para os seus superiores para prepararem a extracção da Mike, o ambiente estava a ficar pesado.
A Amor de Mãe continuou:
- Você sai da tua terra para vir na terra da outra ensinar essas porcarias?
A da UNICEF deu mais um gole do precioso líquido e disse:
- Esse é o programa construído pela ONU no que tange aos objectivos do desenvolvimento sustentável, somos um organismo das Nações Unidas temos que apoiar e vocês também!
A Amor de Mãe levantou-se! E falou com voz forte:
- Vocês também quem? Estás a falar para as tuas filhas ou para as tuas criadas? Somos obrigados a fazer o que vocês fazem?
As mulheres angolanas que estavam na plateia também levantaram!
Os seguranças americanos que estavam à paisana, com movimentos técnicos de mortais, chegaram perto rápido e interromperam o trânsito, para nenhum carro mais passar. A sirene das viaturas protocolares foi activada. Já tinham recebido o OKAY.
De repente saíram da plateia duas senhoras, pegaram na Directora da UNICEF, outras duas com tamanha brutalidade abriram caminho, rompendo tudo que estava a frente, os jornalistas, um foi cair no jardim partiu a câmara, outro levou um safanão bateu com a cara no chão, meteram a senhora da UNICEF no interior do carro protocolar, saíram dali em toda velocidade, bem rápido mesmo, tipo quando o Novo Número Um passa.
Desde aquele dia aquela senhora nunca mais pisou os pés em Angola. E a Amor de Mãe foi nomeada Ministra da Família e Promoção da Mulher mesmo não sendo do Partido.
Nós africanos somos o futuro da Humanidade se continuarmos com os nossos valores culturais positivos.
Comentários
Enviar um comentário