Por: Manuel Camalata
Artigo de opinião
Portal Mundunde Online Angola
Há dias recebi uma SMS apelando à que contribuamos/ajudemos o Estado, depositando, para o efeito, algum dinheiro na conta do MinFin.
Confesso que no momento fiquei estufacto!
1. Não seria mais fácil recorrer do Fundo Soberano?
2. Não é mais justo usar o dinheiro repatriado?
3. Não será mais inteligente exigir, coercivamente, dos ministros e deputados a contribuição de um valor exacto(, já que só das regalias de cada um deles, chega para pagar salário à 10 angolanos)?
Essas perguntas surgiram-me pelo facto de, em meu entender, não haver confiança da parte do Cidadão do Bairro para com o Estado.
As razões? Conhecidas e visíveis.
Se aos 28 (21) ministros, aos 19 Governadores (com o do BNA), aos mais de 40 secretários de Estado, aos 220 Deputados e ao Pessoal da PR ser descontado 100.000,00 (cem mil) Kwanzas, já será um valor significativo, mais das reservas do FSDA, do Repatriamento, das arrecadações da AGT, etc, dará para muito.
É verdade que o país precisa do contributo de cada um de nós, mas para eu ajudar tenho de ter onde tirar, e sentir que a minha contribuição vai chegar, de facto, às mãos de quem realmente necessita e, confesso que não vejo algum Cidadão do Bairro com disposição para dar dinheiro ao Estado, quando é próprio Estado (pessoa de bem) que tem "asfixiado" a vida do cidadão com o encarecimento dos bens alimentares, a subida dos impostos, a falta de emprego, etc, etc.
O mais ideial seria, em minha opinião, exigir daqueles que recebem salários chorudos, essa contribuição monetária, e apelar aos cidadãos que sejam solidários uns com outros, ajudando os mais necessitados.
(Um discurso desse ajudaria a comover: " ...Enquanto nós governantes estamos a dar 100 mil ao Estado, pedimos a Vossa generosa bondade e ajudem-se entre vocês, nesta fase difícil da vida, para que juntos possamos ultrapassa-la, p/ depois de tudo, cada um bater seu peito com orgulho e dizer 'eu ajudei o meu país'. Se tens um prato de comida amais, ofereça ao vizinho, pois ele pode estar a passar fome nesse dia com a família, por falta de gás, de água ou mesmo do que comer.").
Digo isto porque eu sou angolano, vivo nas periferias de Luanda, e por força da minha realidade social e profissão (Jornalista) confesso que não vejo ninguém motivado a tirar do bolso, onde quase nada entra, para dar ao Estado.
Para eu ajudar alguém preciso estar motivado psicologicamente e infelizmente não vejo/sinto isso na psique no meu povo do bairro.
Por: Manuel Camalata
(31/03/2020)
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