Quando se serve um partido em detrimento do povo
Artigo de Mariano Brás(Jornalista) publicado no Facebook
A detenção do general e empresário, Bento dos Santos Kangamba (BK), ocorrida na sexta-feira, 28 de Fevereiro, dá lugar a várias reflexões sobre atitudes que se tomam ao longo da vida.
As imagens, na internet, em que Kangamba aparece algemado e rodeado de vários polícias, como se de um «altamente perigoso se tratasse», sugerem várias perguntas: era necessário tal procedimento? Estamos perante um acto de revanche ou justiça?
São imagens que geraram algum conflito na sociedade, com algumas franjas a favor e outras contra. Afinal, é bom recordar que BK é visto como um indivíduo «à margem da lei», mas também como um «grande mobilizador ou lobista».
É o tipo de pessoa, se quisermos, odiado por uns e amado por outros. Para o regime anterior, não há como negar, foi pau para toda a obra, desde os servicinhos ‘lícitos aos ilícitos’.
No regime de José Eduardo dos Santos, o empresário teve um papel preponderante, mesmo sem ter exercido qualquer cargo governamental. Funcionou apenas como verdadeiro lobista, no sentido de manter o MPLA no poder a todo o custo, mercê das suas atitudes.
De forma directa ou indirecta, muitos angolanos chegaram a perder a vida e tantos outros vivem em extrema miséria em consequência de algumas dessas atitudes.
BK foi exemplo acabado de fidelidade canina, um camarada que dava a sua vida pelo seu dono, se não tivesse, ele, criado uma espécie de milícia composta por cidadãos do Congo Democrático, na sua maioria especialistas em artes marciais e residentes em Luanda, no bairro Palanca, que tinham como missão bater, raptar e torturar vozes contra JES. E neste quesito, quem melhor do que os jovens do Movimento Revolucionário para explicar aos angolanos os horrores praticados por esta gente?
Outro servicinho de BK era o de corromper militantes de outros partidos políticos para colocá-los nas fileiras do MPLA. Facilitava, já agora, a saída de dinheiro do país para o exterior, como foi o caso que culminou com a apreensão, em França, de mais de 3 milhões de euros.
Foi colocado na lista de pessoas procuradas pela Interpol, acusado pela Polícia Federal do Brasil de liderar uma quadrilha que traficava mulheres daquele país para prostituição em Angola, África do Sul, Portugal e Áustria.
Tudo isto em prol do MPLA e do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e nunca pelo sofredor povo angolano.
A situação de BK deve servir de exemplo para muitos que dão a vida pelos partidos e presidentes, em detrimento do povo. Kangamba é tão responsável pela desgraça dos angolanos quanto JES, de quem foi testa- de-ferro.
É importante, pois, que se diga a Bento Kangamba que não é amado pelo povo, como pensará. Se não corromper, nem mesmo os munícipes do Palanca e da Mabor irão aparecer a pretensa manifestação a seu favor.
É curioso que, enquanto o MPLA está a destruir um dos seu maiores mobilizadores, se calhar sem noção, a UNITA vai seguindo rumo à vitória, tal como ficou patente na actividade realizada recentemente na província do Huambo, onde teve uma assustadora moldura humana.
Conseguiu, inclusive, o recrutamento de Charles bois Poaty, que até pode ser o sem ‘noção’ daquele partido, para estar equiparado a Bento Kangamba, embora se saiba que precisaria de dinheiro disponível.
João Lourenço tem de saber o que está realmente a fazer… uma vez que, aparenta tratar-se de um ‘líder’ atordoado sem uma agenda política, particularmente não acredito que seja destruir as bases do MPLA.
Comentários
Enviar um comentário