Texto: Leal Mundunde
Continuam a subir os preços de certos produtos nos diversos mercados de Luanda, segundo alguns cidadãos ouvidos pela nossa equipa de reportagem, pelo que esperam do governo aplicação de medidas concretas que visem a mudança do quadro.
A cidadã Maura Guimarães lamenta actual situação que a população enfrenta nos últimos tempos, com o aumento constante dos preços dos produtos, o que Antónia Jeremias considera absurdo o que se passa actualmente..
“Acho que deve haver uma tabela fixa de preços, porque hoje encontras a um preço amanhã já se pratica outro. É complicado porque a vida está cada vez mais dura e o índice de desemprego é cada vez maior”, deplora Maura Guimarães.
A título de exemplo, no mercado do Kicolo, segundo Antónia Jeremias,
O saco de arroz que antes custava 5mil kwanzas, actualmente está no valor de 9 mil kwanzas. O pão comprava a 50 kwanzas, já chegou ao ponto de adquirir a 100 kwanzas.
Comparando os preços no mercado das pedrinhas, com de alguns armazéns dos Congolense e do Zango, não diferem , segundo Maura Guimarães. “O saco de arroz de 25 quilos varia de 6500 a 7000 kwanzas, o saco de açúcar de 50 quilos está a custar 12.500 kwanzas. Já a caixa de massa custa entre 2600 a 2800 kwanzas, enquanto que o saco de fuba de 25 quilos , custa por volta de 6000 kwanzas ; o bidão de óleo de 5 litros está a custar 2500 a 2800 kwanzas”.
Comparando com que se ganha, para Antónia Jeremias e Maura Guimarães, garantem que muitas famílias ficaram desorientadas, o povo está a sofrer, sendo que alguns estão a alimentar-se mal por causa do pouco poder aquisitivo que dispõem, que não lhes permite suprir as suas necessidades primárias. A desmotivação da população e insatisfação são outros problemas causados pelo aumento dos preços, aliado ao “o mal hábito alimentar” que poderá causar danos a saúde, segundo Maura Guimarães. “ Não podemos nos esquecer do aumento da delinquência, também pode influenciar um pouco embora não sendo um factor principal”, acresceu a nossa fonte.
Para o governo, as nossas entrevistadas apelam a melhoraria das condições salariais e os subsídios dos trabalhadores face a nova conjuntura.
“Que revisse a sua forma de governar, pois eles estão aí a serviço da população e para resolver os problemas do povo. Sem o povo não haverá governo. O povo está cansado, revoltado e com fome alguém nestas condições não produz, logo o povo reclama de fome, o povo está desmotivado e essa desmotivação gerou insatisfação”, desabafa Maura Guimarães, que exorta a revisão das políticas em volta dos preços praticados, onde o executivo tem o dever de trabalhar para o povo, alegando que é desta franja da sociedade onde vem os salários dos governantes.
No que se refere a especulação de preços, as nossas entrevistadas , aconselham aos que praticam tais actos, a deixarem pois constitui crime e não devem aproveitar-se do período de escassez para aplicar preços exorbitantes.
“NÃO BASTA UM PAÍS SER DE OPORTUNIDADES”
O Gestor Matondo Pedro Komba, reagindo a subida do preço dos produtos no mercado, sobretudo em Luanda, diz que uma das causas que está na base, deve-se a actual conjuntura financeira, “que é o factor crise que se instalou no país”, algum tempo. “É bem sabido que a nossa fonte secou porque o nosso país depende totalmente do petróleo e segundo as informações económicas que nós temos, a nível internacional o barril baixou e a partir deste momento, automaticamente instalou-se a crise no nosso país”, afirmou.
Para Matondo Pedro, o que move a economia de um país é o estado e quando não há viabilidade, liquidez e quando os factores legais não são claros dificilmente os agentes económicos vão conseguir trabalhar.
Questionado se é normal esta subida dos preços face a crise que se vive, o gestor respondeu que deve-se pela má gestão dos recursos que foram arrecadados há anos. Baseando-se na teoria de que toda acção, tem uma reacção, disse que com a má gestão dos fundos públicos, o resultado é este (subida do preço dos produtos).
Para se reverter o quadro, o gestor Matondo Pedro Komba, disse que o estado tem que pensar em diversificar a economia, apostando fundamentalmente na agricultura industrializada. Por outro lado, acha que a politica do estado angolano tem que funcionar. “O país não muda só com a opinião dos jornalistas, mas o país muda com a vontade política”, referiu.
Matondo Pedro Komba, diz que pode se pensar em outras formas de se reverter o quadro, se não haver vontade política será uma situação complicada para o país. A definição exacta do sistema político económico, solicitar créditos externo é outra solução.
“Estou sempre a primar pelos factores políticos legais, porque se nós mostrarmos a outros país que o nosso país é país de justiça onde a lei se faz sentir, estaremos a convidar muitos empresários para poderem investirem no nosso país. Também estaremos a eliminar aos poucos este mesmo factor, porque é aquilo que eu disse não basta um país ser de oportunidades, mas sim tem que ser atraente e o que o torna atraente não são os factores internos, mas sim externos”, acresceu.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Por sua vez, a Assistente Social Lucinda Miguel, considera que actualmente vivemos numa sociedade de risco, uma vez que a subida de preços poderá reduzir o poder de compra das famílias que vivem em situação de vulnerabilidade e também as da classe média.
Lucinda Miguel afirma que a inflação é um fenómeno que deve ser controlada, alegando que pode ser uma ameaça para a sociedade em geral.
“A melhor forma de manter uma sociedade firme é controlar a inflação.
Neste exacto momento pode se aumentar salário mas não haver controlo da inflação é nulo”, disse Assistente Social, Lucinda Miguel.
A também Educadora Social, considera que em Angola a maior parte das famílias têm apenas duas refeições por dia ( mata-bicho e jantar) e muitas destas dependem daquilo que se vende diariamente para sustento da família.
Lucinda Miguel sugere ao governo que encontre melhores medidas de controle da inflação e apoiar as famílias carenciadas com uma sexta básica, bem como apostar no empreendedorismo e dar oportunidades aos pequenos empresários para que haja mais emprego, que certa forma facilitará a “vida do pacato cidadão”.
“Nesta conjuntura de preços as famílias devem ter uma educação financeira rigorosa, por exemplo comprar apenas aquilo que precisa e de acordo o seu bolso. Não se deve viver de aparências”, realçou Assistente Social Lucinda Miguel.
Nesta segunda-feira, 16, numa ronda efectuada no mercado do Katinton, vulgos praça Nova, pelo portal Mundunde Online, constatamos o aumento do preço de certos produtos. Por exemplo o saco de arroz que custava entre 2500 a 4500 kwanzas, está no valor de 7 mil a 8150 kwanzas.
A caixa de óleo de 12 litros que estava no valor de 4800 kwanzas, hoje custa 6500 kwanzas.
Já o saco de açúcar de 25 quilos , está no valor 12 mil kwanzas, comparando com 6500 anteriores. 5 litros de óleo está no valor de 2500 kwanzas, que anteriormente variava entre 1500 a 1600 kwanzas.
O pão passou de 50 para 60 kwanzas, enquanto que o um quilo de açúcar que custava 100 kwanzas, a população adquiri no valor de 300 kwanzas e o quilo de arroz passou de 100 para 350 kwanzas.
25 quilos de fuba de milho, hoje está a custar 5900, mas antes a população comprava a 2500 kwanzas.
A carne bovina passou de 10 mil para 25 mil kwanzas, já a caixa de conserva de peixe de 5 mil para 10 mil.
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