Artigo de opinião de Josimar Agostinho Onjango
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No dia dezassete de Setembro o calendário angolano marca o dia do Herói Nacional. A comemoração é, normalmente, associada ao nosso maior ganho, como se diz, a Independência Nacional. O nome mais sonante é o de António Agostinho Neto, a própria data foi escolhida por ser o dia de nascimento de Neto. Mas nas conversas que se escutam, nos tempos hodiernos, participam três vozes antagônicas.
A primeira voz, ecoa que foi mais acertada e digna, no contexto político centralizado, a Ideologia Marxista-Leninista, na base de uma decisão da então Assembleia do Povo, a escolha da data e a sua instituição. Desde mil novecentos e oitenta que é feriado nacional. Desde então a cada novo ano repetem-se os actos de exaltação da obra e vida de Neto. Essa voz, que escolheu a data, não se sabe se movida por qual interesse, diz que é dia de todos os heróis.
Uma segunda voz, nestes tempos, em que ouvimos falar de reconciliação, ecoa, embora baixinho, outros nomes, como que os fazendo irromper de um poço sufocante, para serem igualmente referenciados: Holden Roberto e Jonas Malheiro Savimbi. Essa voz entende que os dois também foram dirigentes máximos de Movimentos de Libertação Nacional, mais tarde partidos políticos. Holden Roberto da FNLA. Jonas Malheiro Savimbi da UNITA. Essa segunda voz, mesmo com a liberdade ainda medrosa, pergunta: porquê não uma data para comemorar os três? Se os três lutaram para a saída dos portugueses? E se é data de todos porquê escolheram no dia do nascimento de um dos chamados nacionalistas?
E a terceira voz, brada que não quer herói. Essa voz olha para o passado dos três, o que não fizeram, os entendimentos que não chegaram a atingir, a forma maleável como foram tratados pelas potências do tal mundo bipolarizado, se mataram entre irmãos, a não capacidade de lidar com as diferenças culturais. Ainda mais essa voz sustenta que os três contribuíram para a actual situação em que o país se encontra, entenda-se como quiser. Ainda diz que herói não deixa como herança o que os três relegaram ao seu Povo.
Enquanto isso, no dia dezassete de Setembro o calendário angolano marca o dia do Herói Nacional. A comemoração é, normalmente, associada ao nosso maior ganho, como se diz, a Independência Nacional.
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