OPINIÃO
Por: Bonifácio Tchimboto
Confrontados com alguns irmãos que, por ignorância ou por malícia, vêm molestando os cristãos de boa fé dizendo que o Natal é uma festa pagã, por isso é celebração indigna de um cristão, Somos a esclarecer:
1. Precisamos de distinguir, olhando para a acusação. O que é pagão? O dia 25 de Dezembro ou a realidade neste dia celebrada?
O que há efectivamente é que o dia não pode ser nem pagão nem cristão. Todo dia é apenas a marca ou um intervalo de tempo de 24hs, que o calendário quis situar num mês e num ano. Numa palavra, o tempo e a sua divisão em dias é obra de Deus. O tempo é de Deus, não há tempo de pagãos nem de demónios.
2. Então porque dizer que é pagão o Natal? Eles certamente nos dirão que, afinal, a culpa não é do tempo, mas da história. Ou seja, o dia 25 de Dezembro seria pagão e desaconselhável porque, na época pré-cristã, era usado para celebrar uma tal festa do deus Sol. E isso é verdade, mas antes da evangelização da cultura romana. Mas dai uma pergunta: os cristãos afinal escolheram celebrar o Sol ou celebrar no dia antigamente dedicado ao Sol? E se se escolhesse o 24 ou 26 para celebrar o Nascimento de Cristo já não seria paganismo? Como fazer para apagar do calendário este dia pagão? Para preservar os cristãos da contaminação, teríamos que ter um Dezembro que do dia 24 saltasse imediatamente para o 26. Sem 25. Não sejamos ridículos!
3. Expliquemos bem as coisas: nem a Páscoa (festa cristã mais importante, festa mãe das festas) nem o Natal foram colocados na data exacta dos acontecimentos históricos. E esta preocupação cronológica nem foi a preocupação primária dos primeiros cristãos. Os que dataram a Páscoa fizeram-no na móvel datação da Páscoa Judaica, exactamente com a preocupação religiosa de substituir e superar a Páscoa antiga. Na Quinta-feira Santa, junto dos seus discípulos, Cristo instituiu um memorial (acto a celebrar no futuro). Esta festa teve motivos teológicos e religiosos: substituir o cordeiro-animal pelo cordeiro-Jesus, a passagem do Egipto a Canaã pela passagem da morte à vida eterna.
4. O que se diz da Páscoa no primeiro século do cristianismo dir-se-á do Natal nos séculos subsequentes. Os cristãos do ambiente romano confrontaram-se com hábitos pagãos que tiveram de evangelizar e transformar. Deste modo, os cristãos serviram-se da antiga e pagã data da celebração do deus Sol, a 25 de Dezembro (solstício do inverno), para impor e vincar a celebração de Cristo, o Sol da nova humanidade. Aqui vemos o velado desprezo que os cristãos fizeram ao paganismo. O próprio Nosso Senhor diz de si mesmo: "eu sou a luz do mundo" (Jo 8,12).
5. Portanto, os cristãos, a 25 de Dezembro, não celebram nada de pagão. Celebram o nascimento do Novo Sol, a Luz da Luz, o nascimento de Cristo, a luz sem ocaso. A luz a que se referem os cristãos ja não é do Sol criatura, mas o Sol criador. É o Sol sem pcaso do Paraíso: "Assim, já não haverá noite, nem necessitarão eles (os santos) da luz dos candelabros, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará, e eles reinarão para todo o sempre" (Ap 22,5 cf. Is 60,19).
6. De resto, devíamos perguntar a estes mestres de meia tigela: Cristo nasceu ou não? O nascimento de Cristo em Belém foi celebrado pelos anjos, pastores e Magos do Oriente ou não? E isto é bíblico ou não? Pois bem, nenhum cristão (em bom uso de razão) pode negar a importância e a sacralidade do Nascimento de Cristo, já que ele realiza o Mysterion da (I)Encarnação do Verbo.
SIGA O PORTAL MUNDUNDE ONLINE ANGOLA
Comentários
Enviar um comentário