Crónica de Manuel Camalata
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Estava eu na habitual luta para conseguir um lugar nos poucos veículos que se faziam parar naquela paragem e chamavam o meu destino como sua rota, quando ouvi o som de uma bofetada contra um jovem que encontrei uma hora antes naquela confusão. Afinal tentara ele apropriar-se de pertences de outro concidadão ávido de chegar a sua casa.
"Não precisa me dar chapada..." foi com essa frase que o 'cara de pau' reagiu àquela bofa que chamou atenção dos presentes. Uma reacção tão fria e natural que deixou atónito o autor da 'chapada', sem força para as suas pretensões subsequentes.
Meia hora depois uma mãe adolescente viu um dos seus sacos de compras ser levado por um 'bom samaritano' quando este mostrou complanscência e anunciou ajuda-la a conseguir entrar num taxi.
"Corre mãe do nenê! corre mãe do nenê!, corre!", gritava ele enquanto corria atrás de um veículo que sinalizava paragem. O jovem fez-se ao lado esquerdo da viatura para esta cobrir a visibilidade, atravessou a estrada e bazou... sob o olhar incrédulo daquela mãe-adolescente-solteira, que além do filho, trazia mais dois sacos e uma pastinha.
Os ponteiros do relógio aproximavam-se da hora 21 e com isso a necessidade de apressar-se. Um Jimmy pára e anuncia o meu destino e com ele o preço da viagem, dobrado do oficial. Sem alternativa eu e ela ocupamos os lugares desponíveis. Na luta para subir novamente aparece o jovem ora esbofeteado, agora a colocar a mão na bolsa da minha companheira de ocasião, de onde retira o Bilhete de Identidade, rapidamente descoberto.
O pendura, que por sinal é agente da Policia Nacional e ia a civil, desce, manipula a pistola para intimidar o bandido e este, calmo, simplesmente devolve o documento, como se nada tivesse acontecido.
Viajei o percurso todo a pensar naquela cena, do quão ousado são os bandidos de agora, porque os do meu tempo corriam feio, feito o diabo fugindo da própria cruz...
Então lembrei-me de um episódio no Bairro da Precol, contado pela Cláudia, em que uma amiga sua fora interpelada por "um bandido pequeno" que a obrigou a despir-se e a mostrar suas partes íntimas. "És muito achada. Pensava que não c#g#s. Afinal c#gas mesmo!... Veste e vai mbora"...
Além de hilário e humilhante, o episódio abre aso para várias interpretações, mas no fundo não faziam mal grave e só queriam que as moças bonitas do bairro os saudassem/respeitasse também como o fazem com os mais velhos da idade delas.
Nisto lembro-me de uma reportagem ha já algum tempo, que fiz para o jornal O Crime, em que os entrevistados disseram que os bandidos que tiram sono aos moradores do bairro da Robaldina são todos filhos de agentes da Polícia.
Falando em Polícia, esta está em maus lençóis e precisamos todos ajudar na recuperação da sua imagem e competência.
Sobre isso, lembrei que no Sambila a Polícia tem 'beefs' com o administrador que criou os JOVENS DO APITO, para acabar com delinquência naquela zona, já que quem tem esta tarefa não o faz.
Ou seja, os bandidos de agora dão medo. Nunca foram a tropa, mas fazem guerra. Não são polícias, mas têm armas. Nunca foram a recruta, mas têm tácticas. Os do meu tempo só roubavam telefone e te devolviam o chipe. E se te roubasse dinheiro, tinhas direito 50 AKz "para apanhares taxi, porque se ires a pé vão te assaltar no caminho", diziam eles, em geito de alerta.
E no que a sensibilidade diz respeito, lembro-me de dois episódios, quase insólitos: 1° Um casal na paragem altas horas da noite, aflito para chegar ao hospital com o filho, teve direito a 2.000,00 AKZ dos bandidos que os pretendiam assaltar. 2° do Dr. Bruno Kambundo, que foi assaltado na paragem dos Congolenses e teve direito a dinheiro de taxi e o chipe do seu celular. "Gostei da forma como me assaltaram. Me disseram 'Niga colabora, não dá bandeira', e eu sabia que aquilo que me colocaram no pescoço não era arma porque eu estava a sentir o cheiro. Era banana, mas dei tudo o que eles queriam porque me assaltaram bem". Disse-nos em 2008.
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9/09/2019
9/08/2020: UM ANO DE EXISTÊNCIA
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Estava eu na habitual luta para conseguir um lugar nos poucos veículos que se faziam parar naquela paragem e chamavam o meu destino como sua rota, quando ouvi o som de uma bofetada contra um jovem que encontrei uma hora antes naquela confusão. Afinal tentara ele apropriar-se de pertences de outro concidadão ávido de chegar a sua casa.
"Não precisa me dar chapada..." foi com essa frase que o 'cara de pau' reagiu àquela bofa que chamou atenção dos presentes. Uma reacção tão fria e natural que deixou atónito o autor da 'chapada', sem força para as suas pretensões subsequentes.
Meia hora depois uma mãe adolescente viu um dos seus sacos de compras ser levado por um 'bom samaritano' quando este mostrou complanscência e anunciou ajuda-la a conseguir entrar num taxi.
"Corre mãe do nenê! corre mãe do nenê!, corre!", gritava ele enquanto corria atrás de um veículo que sinalizava paragem. O jovem fez-se ao lado esquerdo da viatura para esta cobrir a visibilidade, atravessou a estrada e bazou... sob o olhar incrédulo daquela mãe-adolescente-solteira, que além do filho, trazia mais dois sacos e uma pastinha.
Os ponteiros do relógio aproximavam-se da hora 21 e com isso a necessidade de apressar-se. Um Jimmy pára e anuncia o meu destino e com ele o preço da viagem, dobrado do oficial. Sem alternativa eu e ela ocupamos os lugares desponíveis. Na luta para subir novamente aparece o jovem ora esbofeteado, agora a colocar a mão na bolsa da minha companheira de ocasião, de onde retira o Bilhete de Identidade, rapidamente descoberto.
O pendura, que por sinal é agente da Policia Nacional e ia a civil, desce, manipula a pistola para intimidar o bandido e este, calmo, simplesmente devolve o documento, como se nada tivesse acontecido.
Viajei o percurso todo a pensar naquela cena, do quão ousado são os bandidos de agora, porque os do meu tempo corriam feio, feito o diabo fugindo da própria cruz...
Então lembrei-me de um episódio no Bairro da Precol, contado pela Cláudia, em que uma amiga sua fora interpelada por "um bandido pequeno" que a obrigou a despir-se e a mostrar suas partes íntimas. "És muito achada. Pensava que não c#g#s. Afinal c#gas mesmo!... Veste e vai mbora"...
Além de hilário e humilhante, o episódio abre aso para várias interpretações, mas no fundo não faziam mal grave e só queriam que as moças bonitas do bairro os saudassem/respeitasse também como o fazem com os mais velhos da idade delas.
Nisto lembro-me de uma reportagem ha já algum tempo, que fiz para o jornal O Crime, em que os entrevistados disseram que os bandidos que tiram sono aos moradores do bairro da Robaldina são todos filhos de agentes da Polícia.
Falando em Polícia, esta está em maus lençóis e precisamos todos ajudar na recuperação da sua imagem e competência.
Sobre isso, lembrei que no Sambila a Polícia tem 'beefs' com o administrador que criou os JOVENS DO APITO, para acabar com delinquência naquela zona, já que quem tem esta tarefa não o faz.
Ou seja, os bandidos de agora dão medo. Nunca foram a tropa, mas fazem guerra. Não são polícias, mas têm armas. Nunca foram a recruta, mas têm tácticas. Os do meu tempo só roubavam telefone e te devolviam o chipe. E se te roubasse dinheiro, tinhas direito 50 AKz "para apanhares taxi, porque se ires a pé vão te assaltar no caminho", diziam eles, em geito de alerta.
E no que a sensibilidade diz respeito, lembro-me de dois episódios, quase insólitos: 1° Um casal na paragem altas horas da noite, aflito para chegar ao hospital com o filho, teve direito a 2.000,00 AKZ dos bandidos que os pretendiam assaltar. 2° do Dr. Bruno Kambundo, que foi assaltado na paragem dos Congolenses e teve direito a dinheiro de taxi e o chipe do seu celular. "Gostei da forma como me assaltaram. Me disseram 'Niga colabora, não dá bandeira', e eu sabia que aquilo que me colocaram no pescoço não era arma porque eu estava a sentir o cheiro. Era banana, mas dei tudo o que eles queriam porque me assaltaram bem". Disse-nos em 2008.
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9/09/2019
9/08/2020: UM ANO DE EXISTÊNCIA
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